sexta-feira, 22 de abril de 2011

O MUNDO BIPOLAR


            A geopolítica bipolar, marcada pela supremacia dos Estados Unidos e da União Soviética, definiu as relações internacionais e o destino de quase todos os países nas décadas seguintes ao final da Segunda Guerra. Praticamente todos os acontecimentos políticos e militares, entre 1947 e 1989, ocorreram nesse contexto de Guerra Fria: a Guerra da Coréia, a Guerra do Vietnã, a descolonização na África e na Ásia, a Revolução Cubana, os conflitos no Oriente Médio, a questão alemã e outros.

            Aproveitando-se de guerras regionais, as duas superpotências procuravam demarcar ou ampliar suas áreas de influência, cujos limites adquiriram dimensão mundial.
            Cinco anos após o término da Segunda Guerra, em 1950, os dois países já se defrontavam indiretamente na Guerra da Coréia. Em 1959, a Revolução Cubana enfrentou a oposição dos vizinhos norte-americanos, o que levou Cuba, nos anos seguintes, ao alinhamento com a União Soviética e á integração ao bloco socialista. Foi a primeira grave ruptura do domínio absoluto dos Estados unidos em seu “quintal” - a América Latina. A União Soviética também viveu sérios conflitos em seus domínios, como as tentativas de insurreição na Hungria, em 1956, e na Tchecoslováquia, em 1868, ambas sufocadas pelo exército soviético.
            O ano de 1964 marcou a intervenção direta dos Estados Unidos no Vietnã, num conflito que se arrastava desde o final da Segunda Guerra, contra o colonialismo francês.
Josef Stálin
            Os Estados Unidos, com a sua política de contenção do comunismo, sempre apoiaram as tropas francesas. No entanto, a participação direta dos norte-americanos revelou-se desastrosa. Além das perdas humanas (cerca de 50 000 mortos e 800 000 entre feridos e mutilados), que mobilizaram negativamente a opinião pública norte-americana, a guerra teve um custo astronômico. Em 1973 os Estados Unidos retiraram-se da guerra, derrotados e totalmente desmoralizados.
            Os Estados Unidos e a União Soviética já haviam iniciado em 1955, após a morte do ditador russo Josef Stálin, uma política de coexistência pacífica, chamada détente. No entanto, os dois países não cessaram a pesquisa e a produção de armas e mantiveram suas políticas externas de apoio e estímulo a conflitos nas mais diversas regiões do mundo.

OS NÃO-ALINHADOS
Conferência de Bandung
            Esse mundo dominado por duas grandes superpotências, cujo equilíbrio estava baseado no poder de destruição das armas que acumulavam, impediu que a maior parte dos demais países exercesse a autodeterminação, vendo-se obrigados a alinha-se com um dos dois modelos políticos e socioeconômicos: o americano, capitalista, ou o soviético, socialista.
            Mas houve tentativas nesse sentido. Uma delas foi o desenvolvimento dos não-alinhados, estabelecido em 1955 na Conferência de Bandung, Indonésia. Reunindo cerca de 30 países africanos e asiáticos, essa conferência exigiu participação mais ativa desses países nas decisões internacionais e uma política de neutralidade em relação à bipolaridade estabelecida pela Guerra Fria.
            A partir desse encontro popularizou-se o termo Terceiro Mundo, que passaria a se referir à formação de um bloco de países independentes das orientações das duas grandes indiscriminadamente ao conjunto dos países subdesenvolvidos do planeta. Entretanto, apesar da proeminência e da liderança de várias personalidades que participaram ativamente desse movimento, o bloco dos “países não-alinhados” não conseguiu romper a divisão estabelecida pelos Estados Unidos e pela União Soviética.

O GOLPE DE 1964 NO BRASIL E O MUNDO BIPOLAR
João Goulart (Jango)
            De 1961 a 1964 o governo do presidente João Goulart (Jango) desenvolveu uma política externa independente das superpotências da Guerra Fria, caracterizada pelo nacionalismo. Goulart também se mostrou em diversos momentos sensível às questões trabalhistas e sociais. Em fevereiro de 1964 anunciou as reformas de base: um conjunto de reformas sociais que incluía a reforma agrária. Em 31 de março de 1964, o presidente foi deposto por um golpe militar que teve apoio da elite conservadora e da CIA, a Agência de Inteligência dos Estados Unidos.
            Os militares seguiram governando o país por mais de duas décadas. Nesse período promoveram a repressão aos grupos que se opunham a eles e às manifestações populares, implantaram a censura à imprensa e aos movimentos culturais e institucionalizaram a tortura como método para acabar com os grupos clandestinos de orientação socialista. Promoveram o alinhamento do Brasil à política externa norte-americana, demarcando a posição brasileira na ordem mundial bipolar.

Brasil: os militares tomam o poder
            Ao apoiar reivindicações sindicais e populares, Jango crava polêmicas com as tradicionais lideranças políticas, econômicas e militares do país. Sua política externa independente - cancelou concessões de jazidas de ferro de empresas norte-americanas, restabeleceu relações diplomáticas com a União Soviética e ficou neutro na crise entre Estados Unidos e Cuba - provocou atritos com investidores estrangeiros.
(Nosso Tempo, O Estado de S. Paulo / Jornal da Tarde, 1995, p. 474.)

FIM DA ORDEM BIPOLAR
            De 1945 a 1970 o mundo viveu um ciclo de propriedade econômica. Tanto a economia capitalista como a socialista tiveram um crescimento econômico surpreendente, ressaltados os diferentes níveis de desenvolvimento entre os países de cada um dos grupos. A partir da década de 1970, os dois modelos econômicos começaram a apresentar sintomas de crise.
            No mundo capitalista, a crise teve origem nos crescentes déficits comerciais e orçamentários dos Estados Unidos, que levaram o governo desse país, em 1971, a desvalorizar o dólar em relação ao ouro e, em 1973, a decretar a livre conversibilidade da moeda (ou seja, a flutuação do valor do dólar seria determinada pelo mercado), abandonando a paridade dólar/ouro estabelecida na Conferência de Bretton Woods. Com isso, o dólar se desvalorizou em relação a outras moedas fortes - marco alemão, libra esterlina (Grã-Bretanha), iene (Japão) - aumentando a competitividade dos produtos norte-americanos no comércio externo e diminuindo a competitividade dos produtos dos produtos que eram tradicionalmente importados pelos Estados Unidos.
            Nessa conjuntura, a crise se alastrou por todos os países capitalistas, por conta da força da economia norte-americana no mundo. A recessão espalhou-se pelo mundo e abalou principalmente as economias menos desenvolvidas, que dependiam, por um lado, dos investimentos estrangeiros e, por outro, das exportações de produtos agrícolas e matérias-primas para os países desenvolvidos.
            Todo esse quadro foi agravado, ainda na primeira metade da década de 1970, pelo forte aumento do preço do petróleo em 1973, que ficou conhecido como Primeiro Choque do Petróleo.
            No mundo socialista, a crise era resultante do esgotamento do próprio modelo econômico, baseado no planejamento estatal. A falta de criatividade e agilidade para modificá-lo levou ao fim de praticamente todo o sistema.
            Além disso, tanto os Estados Unidos como a União Soviética gastavam quantias enormes em armamentos e na construção de foguetes, naves e satélites espaciais, Essa insensata competição ganhou “apelidos”: corrida armamentista e corrida aeroespacial.
            No caso dos Estados Unidos, a tecnologia militar acabou sendo adaptada à geração de produtos para a economia civil. Mais de 3 000 novos produtos de consumo, lançados pelos Estados Unidos na segunda metade do século XX< foram criados a partir de tecnologia desenvolvida, inicialmente, para produtos ligados a indústria de guerra ou aeroespacial. Já a União Soviética não conseguiu aproveitar dessa maneira a tecnologia militar.

O COLAPSO DO SOCIALISMO
Sputinik, lançada em 4 de Outubro
de 1957
            O modelo do industrialismo soviético, apoiado nas indústrias de base, de armas e aeroespacial, não acompanhou o mesmo ritmo de desenvolvimento tecnológico de outros setores nos países de economia capitalista avançada. O avanço tecnológico das indústrias aeroespacial e bélica foi significativo, mas não colocava produtos nas prateleiras para a população. A União Soviética vivia um paradoxo: lançou o primeiro satélite artificial (Sputinik, em 04/11/1957), fabricou satélites espiões e mísseis de alta precisão, mas, ao mesmo não conseguiu desenvolver uma indústria automobilística com tecnologia própria, não fabricou uma boa televisão nem mesmo uma simples enceradeira que funcionasse perfeitamente.
            O modelo de economia estatal e planificada apresentava limitações em sua própria concepção. O socialismo, ao transferir todos os meios de produção para a gerência do Estado, não estimulou o desenvolvimento técnico dos setores que considerava secundários. O Estado definia o que seria produzido pelas empresas, determinava que estas comprariam tal produto e em tal quantidade, e estabeleceria o preço. Obrigadas a cumprir as metas de produção e de produtividade traçadas pelos planejadores estatais, as empresas compravam de um único fornecedor as mercadorias ou matérias-primas, independentemente de sua qualidade. Na agricultura, tratores e máquinas agrícolas comumente saíam das fábricas já com problemas de funcionamento, e tinham de ser desmontados e consertados pelos próprios agricultores.
            O planejamento estatal não melhorou a qualidade dos produtos de consumo, que não considerava estratégico, e muitos desses produtos não atendiam às necessidades da população.
            No final da década de 1970, a estagnação econômica atingiu praticamente todos os países socialistas. As indústrias estavam funcionando com grande capacidade ociosa, havia falta de matérias-primas, falta de alimentos e dificuldade para importar produtos básicos para o abastecimento da população e o funcionamento da economia. O custo da Guerra Fria havia se tornado insustentável para a economia soviética e constituía um entrave ao crescimento da população de bens de consumo, no mínimo para atender ao ritmo de crescimento da população.
            Embora a crise econômica tenha se manifestado já na década de 1970, o Leste europeu e a União Soviética mantiveram uma situação artificial de preços baixos dentro de suas fronteiras. Entretanto, não promoveram qualquer alteração no modelo econômico, ineficiente e improdutivo. A imagem mais marcante desse país na década de 80 era enormes filas, em que a população disputava a compra dos poucos produtos disponíveis: Vivia-se uma situação inusitada: a população tinha dinheiro mas não tinha como gastá-lo.
MUDANÇAS NO LESTE EUROPEU
Mikhail Gorbatchev
            A partir de 1985, o governo de Mikhail Gorbatchev promoveu uma grande alteração na estrutura política e socioeconômica da União Soviética. Implantou a Perestroika, uma reformulação da economia que tinha como objetivo o aprimoramento do sistema de produção e a reforma da propriedade partícula, além da introdução de mecanismos de mercado. Para vencer a resistência da cúpula de Partido Comunista, as reformas dependiam de um amplo apoio popular que as legitimasse. Para tanto, do foi implantada a glasnost, conjunto de reformas políticas que permitiam as liberdades de expressão e de informação, contidas até então pelo regime socialista e pela ditadura czarista que o antecedeu.
            A política de austeridade e de redução dos gastos públicos fez com que Gorbatchev promovesse, junto ao governo dos Estados unidos, uma série de acordos de desarmamento, para diminuir os gastos com a corrida armamentista.
Queda do Muro de Berlim
            Os efeitos das transformações na União Soviética no final da década de 1980 atingiram os países do Leste europeu, provocando a queda dos governos socialistas, a democratização das instituições e o estabelecimento de eleições livres e diretas.
            O desmoronamento da economia socialista teve efeitos profundos no espaço geográfico da Europa. Em 1989 a Hungria retirou a cerca de arame farpado que havia em sua fronteira com a Áustria. Os húngaros deram os passos iniciais, no Leste europeu, em direção à privatização e à economia de mercado. Na Alemanha Oriental, a evasão incontrolável dos cidadãos para a Alemanha Ocidental via Tchecoslováquia e Hungria, levou o governo provisório a liberar viagens para o exterior e, em 9 de novembro de 1989, a permitir o livre trânsito através do Muro de Berlim. A população encarregou-se de fazer o resto. Em poucos dias, quase nada restava do muro, principal símbolo da Guerra Fria.

FIM DA GUERRA FRIA E AS NOVAS FRONTEIRAS
            Menos de um ano depois da queda do muro, as duas Alemanhas foram unificadas, causando profundas alterações na geopolítica européia. A Alemanha, já fortalecida economicamente, passou a ser o país europeu com maior influência na porção oriental do continente.
Boris Yeltsin
            Na união Soviética, a população passou a apoiar aqueles que prometiam um caminho mais rápido para a transição. Os ultra-reformistas, que melhor capitalizaram essa insatisfação popular, conquistaram maior espaço no governo. Em 1990, o principal representante desse grupo, Boris Yeltsin, foi eleito presidente da Rússia. Após um ano de governo, declarou total autonomia da Rússia frente à União Soviética, e foi seguido pelas demais repúblicas soviéticas.
            Esse ano de 1991 marcou o fim da União Soviética. As 15 repúblicas socialistas que a constituíam transformaram-se em 15 países independentes. Doze delas associaram-se a uma entidade supranacional mais ampla, a CEI (Comunidade dos Estados Independentes), cujo limite de atuação e de integração entre os países ainda não está bem definido. Letônia, Estônia e Lituânia reconquistaram sua independência e não aderiam à CEI. Com o desmembramento da Tchecoslováquia, surgiram a República Tcheca e a Eslováquia.
            A Iugoslávia foi totalmente esfacelada. Formada pro várias nacionalidades e culturas distintas, os conflitos separatistas na década de 1990 dividiram-na em cinco países independentes: Croácia, Eslovênia, Bósnia-Herzegóvina, Macedônia e Iugoslávia.
            A derrocada do socialismo significou o colapso de todo o sistema de relações internacionais surgido após a Segunda Guerra Mundial e baseado na Guerra Fria. O fim do socialismo na União Soviética e nos países do Leste europeu abriu as portas para uma reordenação geopolítica no mundo.

Bibliografia:
Geografia Geral e do Brasil - Ensino Médio. Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. Editora Saraiva.

terça-feira, 19 de abril de 2011

AS ALIANÇAS MILITARES


OTAN

            O final da Segunda Guerra sinalizava o prenúncio de um novo conflito, cujas proporções seriam imprevisíveis. Já em 1945, os Estados Unidos mostraram ao mundo o seu poder de dissuasão militar ao forçarem a rendição do Japão detonando duas bombas nucleares nas cidades de Hiroshima e nagasaki. Em 1949, a União Soviética fez o seu primeiro teste nuclear, demonstrando que podia competir em igualdade de condições, numa corrida por armas atômicas.

            Ainda em 1949, sob a liderança dos Estados Unidos, foi criado a OTAN (Organização do Tratado de atlântico Norte), um grande sistema de defesa multinacional, que reuniu as forças militares dos Estados Unidos, do Canadá e de vários países da Europa. Em 1955, os países socialistas, sob a liderança soviética, formaram o Pacto de Varsóvia, com a mesma finalidade: a defesa militar comum de seus associados. Em 1991, após o fim da União Soviética, o Pacto de Varsóvia foi extinto.
            Atualmente a OTAN é formada por 19 países. Em 2002 a Rússia começou a participar do Conselho da OTAN sem direito a voto, e esse passou a ser chamado de “Conselho dos 20”.

Bibliografia:
Geografia Geral e do Brasil - Ensino Médio. Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. Editora Saraiva.

A GEOPOLÍTICA NA GUERRA FRIA


            A destruição da Europa durante a Segunda Guerra marcou o fim do amplo poder que o continente havia acumulado nos séculos anteriores. A economia européia estava desorganizada e mergulhada nos problemas internos de sua reconstrução.

            Incapaz de assegurar o seu próprio destino, de articular um sistema de defesa e de restaurar a sua economia sem ajuda externa, os governos dos países europeus foram obrigados a enquadra-se em uma nova ordem mundial, cuja liderança seria disputada pelas potências de fato vitoriosas na guerra; os Estados Unidos e a União Soviética.
            No início da década de 1940, a união Soviética já se destacava frente às demais economias do mundo em alguns setores produtivos, superada apenas pelos Estados Unidos. Após 1945, com a expansão do socialismo, passou a exercer influência direta em quase todos os continentes.
            Os Estados Unidos, por sua vez, tornaram-se a principal liderança do mundo ocidental (capitalista). A guerra havia se convertido num bom negócio para os americanos, pois suas taxas médias de crescimento econômico, do final da década de 1930 ao início da de 1960, foram superiores às de qualquer outro país.
            Após 1945, o mundo foi dividido em dois blocos antagônicos sob permanente ameaça do surgimento de um novo conflito. Em 1947, o presidente Harry Truman, dos Estados Unidos, lançou a Doutrina Truman, cujos princípios norteariam as rivalidades entre Estados Unidos e União Soviética. Denominada também de Doutrina de Contenção, foi criada com o firme propósito de barrar a expansão socialista e inaugurou quatro décadas e disputas entre as duas superpotências. Foi o início da Guerra Fria.
            Todos os conflitos que ocorreram a partir desse período, nos mais diferentes países, por qualquer motivo, tiveram a ingerência de uma das duas superpotências. Normalmente, a interferência dos Estados Unidos e da União Soviética ocorria ao mesmo tempo, cada país apoiando um dos lados.

Bibliografia:
Geografia Geral e do Brasil - Ensino Médio. Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. Editora Saraiva.

PLANO MARSHALL


Chevrolet Bel Air 57 foi um dos
sucessos do século XX.

            Em 1947, os Estados Unidos lançaram o Plano Marshall (European Recovery Program), que visava consolidar o capitalismo na Europa Ocidental e reconquistar o espaço perdido para os soviéticos na Europa Ocidental. Esse plano consistia numa ajuda econômica de grandes proporções a todos os países europeus atingidos diretamente pela guerra, inclusive aos que haviam optado pela orientação socialista. Entretanto, devido a pressões da União Soviética, os países do Leste europeu, exceto a Iugoslávia, recusaram qualquer ajuda dos Estados Unidos.

            O Plano Marshall foi estendido também aos derrotados, como Alemanha (Ocidental) e Itália. O Japão foi beneficiado por um plano similar, denominado Plano Colombo. A recuperação econômica e a regularização do comércio mundial eram essenciais à continuidade do próprio sistema e à contenção do socialismo, além de assegurar para os Estados Unidos um mercado internacional capaz de absorver sua elevada e seu capital excedente.
            O final da Segunda Guerra significou a vitória da democracia sobre o nazi-facismo. A reestruturação dos países foi acompanhada pelo fortalecimento dos ideais democráticos e pelo revigoramento do sindicalismo, que acarretou maiores ganhos salariais e melhor distribuição de renda.
            O Plano Marshall contribuiu para a expansão mundial dos ideais da sociePublicar postagemdade de consumo, base do American way of life (“modo americano de viver”).
            A indústria de bens de consumo duráveis diversificou-se e expandiu o seu mercado. Os lares europeus, e até mesmo de alguns países subdesenvolvidos, foram invadidos por uma avalanche de produtos que passaram a ser consumidos em grande quantidade: rádios, televisores, máquinas de lavar roupa, enceradeiras, aspiradores de pó e, é claro, automóveis.

Bibliografia:
Geografia Geral e do Brasil - Ensino Médio. Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. Editora Saraiva.

A ONU


Sede ONU

            A ONU (Organização das Nações Unidas) foi criada em 1945 pela Conferência de San Francisco, com o objetivo de assegurar a paz mundial e promover a cooperação entre as nações.

            É formado por vários órgãos e por uma série de agências especializadas (por exemplo, para a Educação, Ciência e Cultura - Unesco; para agricultura e alimentação - FAO; para a Saúde - OMS), além de programas e organizações (Programa das Nações Unias para a Infância - Unicef) dos quais participam quase todos os países do planeta. Apesar disso, desde sua criação, não se pôde impedir que ocorressem, no mundo, centenas de conflitos que levaram à morte mais de 20 milhões de pessoas.
            Entre seus princípios, na Carta das Nações Unidas, está registrado que todos os Estados-membros são soberanos e iguais entre si. No entanto, a ONU representa, desde sua criação, os interesses dos vencedores da Segunda Guerra Mundial. As resoluções tomadas pela Assembléia Geral, onda cada país tem direito a um voto, têm que ser aprovadas por pelo menos nove países do Conselho de Segurança e qualquer resolução até 1990 podia ser vetada pelos Estados Unidos ou pela Rússia. Atualmente, o poder de veto foi estendido aos cinco membros permanentes.
            Além disso, os Estados unidos têm sido acusados de conquistar votos para o que lhes interessa sobre os mais variados problemas, oferecendo ajuda financeira aos países mais pobres.

Bibliografia:
Geografia Geral e do Brasil - Ensino Médio. Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. Editora Saraiva.

O MUNDO PÓS-SEGUNDA GUERRA


            Logo após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos, que já vinham apresentando crescimento econômico acelerado desde a segunda metade do século XIX, transformaram-se no principal expoente do desenvolvimento capitalista. Era a maior potência industrial e agrícola do planeta, detentora dos maiores recursos financeiros e de grande parte das reservas de outro (em 1948, 72% de todo o ouro existente no mundo estava nos cofres americanos).

            Nesse contexto os Estados Unidos precisavam ampliar o comércio mundial de suas mercadorias, e para isso era necessário fortalecer o capitalismo mundial. O que, por sua vez dependia também da reconstrução da estrutura produtiva e da infra-estrutura dos países europeus que foram afetados pela guerra e que não haviam adotado o socialismo.
            Em 1944, na Conferência de Bretton Woods, nos Estados Unidos, os governos dos países capitalistas definiram uma nova ordem econômica, que estimulava a retomada do desenvolvimento capitalista e a maior integração da economia mundial. Para tanto, foram criados o Banco Mundial, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Gatt (Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio).
            Inicialmente, o Banco Mundial tinha o objetivo de captar fundos para a reconstrução européia após o término da guerra. Posteriormente, transformou numa instituição que fornecia recursos necessários à criação de infra-estrutura nos países subdesenvolvidos: construção de usinas de energia, exploração de recursos minerais e instalação de indústrias de base e projetos de defesa ao meio ambiente.
            O FMI foi criado para estimular o comércio internacional e promover ajuda econômica e fornecer assessoria técnica aos seus países-membros que viessem a apresentar problemas financeiros. A partir do FMI foram estabelecidas as regras básicas das relações financeiras internacionais. Com a sua criação, os países associados converteram o valor de suas moedas ao doar ou ao ouro, ocorrendo, por causa disso, uma valorização da moeda norte-americana frente às demais. O dólar passou a ser a moeda de referência no comércio mundial e aceito em todas as transações.
            O Gatt foi a terceira instituição básica criada com o objetivo de regulamentar o comércio mundial. Em 1º de Janeiro de 1995, foi substituído pela OMC (Organização Mundial do Comércio).
            Essas três instituições são interdependentes: os países que não respeitam as regras estabelecidas pela OMC, por exemplo, não tem acesso aos recursos financeiros do FMI e do Banco Mundial. Da mesma forma, o Banco Mundial só libera recursos para países que orientam sua economia de acordo com as metas estabelecidas e/ou aceitas pelo FMI.
Bibliografia:
Geografia Geral e do Brasil - Ensino Médio. Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. Editora Saraiva.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

As Guerras e os Estados Unidos

            As negociações dos acordos do final da longa guerra, iniciada em 1914, praticamente só terminaram em 1945 - uma única guerra de três décadas -, espelharam a nova relação de forças mundial. Sentavam-se os EUA, a URSS e a Inglaterra para definir a nova ordem política do planeta. Os EUA, com todos os méritos, por terem se transformado na nova potência hegemonia dentro do capitalismo, valeram-se, para acelerar sua recuperação econômica da crise de 1929, da montagem de um formidável complexo industrial que nunca mais seria desmontado. Enquanto as outras economias sofriam com a guerra, os EUA iniciavam o mais prolongado e extenso ciclo expansivo da economia capitalista já nos anos 40. Combinando a preparação européia para a guerra com a sua própria preparação e com salários baixos, fruto do desemprego dos anos 30, os EUA se tornaram, já antes da Segunda Guerra, a economia tecnologicamente mais avançada do mundo.

Por outro lado, os EUA tinham conseguido consolidar seu domínio sobre as Américas, cujo controle não chegou a ser questionado durante as guerras, ao contrário dos outros continentes, que eram objeto de disputa entre as potências européias e asiáticas. O surgimento dos EUA como potência imperial costuma ser datada de 1898, momento de sua vitória sobre uma Espanha decadente, possibilitando a transferência do controle sobre Cuba, Porto Rico, Filipinas e ilhas Guan, da ex-potência européia para a nascente potência americana.
Com o domínio sobre o continente americano, os EUA conseguiram uma extensa base de apoio para, sustentado nela, emergir como uma potência internacional.
(SADER, Emir. Século XX - Uma biografia não autorizada. São Paulo, Fundação Perseu Abramo, 2000, p.34.).

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL


            As condições objetivas para a deflagração de uma nova guerra já estavam colocadas desde o final da Primeira Guerra Mundial. A consolidação da Revolução Socialista na Rússia e a formação da URSS, a paz “forçada” obtida pelo Tratado de Versalhes e, posteriormente, a Crise de 1929 criaram uma instabilidade permanente no continente europeu.

            Em 1933, na Alemanha, Adolf Hitler conquistou o cargo do chanceler. Em pouco tempo, suprimiu os partidos de esquerda e os sindicatos, instaurou uma férrea censura aos meios de comunicação e rompeu com as cláusulas impostas pelo Tratado de Versalhes, que limitavam o crescimento econômico da Alemanha e a produção de armamentos.
            Dessa forma, Hitler contestou a ordem mundial definida após a Primeira Guerra e formou, com a Itália e o Japão, uma nova aliança militar: o Eixo. A concepção geopolítica de Hitler partia do princípio de que a Alemanha necessitava de um “espaço vital” para a promoção de seu desenvolvimento econômico. Com isso, justificava a retomada dos territórios perdidos após a Primeira Guerra e a expansão, sem limites, da área de influência alemã. Para alcançar seus objetivos, Hitler formou um exército forte e numeroso e investiu maciçamente na indústria de armamentos.
            Em 1938, a Alemanha ocupou a Áustria e, em 1939, a Tchecoslováquia. Quando, em setembro de 1939, o exército alemão invadiu a Polônia, França e Grã-Bretanha (que formaram uma força militar oposta ao Eixo - os Aliados) declararam guerra à Alemanha.
            As ações empreendidas pela máquina de guerra alemã foram fulminantes. Em menos de um ano a Alemanha já havia ocupado Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Dinamarca, Noruega e a maior parte da França.
            As forças do Eixo tiveram significativo avanço nos dois primeiros anos de guerra. A Itália invadiu a Albânia e a Somália, e o Japão invadiu a Malásia, Cingapura, Filipinas e outras regiões dominadas pelo império colonial dos Aliados. A guerra também se estendeu à China e ao norte da África, ganhando uma dimensão geográfica nunca vista em outro conflito da Historia. No final de 1941, os Estados Unidos e a URSS entraram na guerra ao lado das tropas aliadas.
            A participação desses dois países no conflito mostrou-se decisiva para a derrota dos países do eixo que, nos últimos anos de guerra, tiveram de recuar e abandonar boa parte dos territórios invadidos no início do conflito.
A Bomba Atômica
            Em 1943, a Itália assinou um acordo de paz com as tropas aliadas. Em maio de 1945, quando o exército soviético invadiu Berlim, a Alemanha se rendeu incondicionalmente. Apesar de o Japão ainda resistir, sua rendição seria inevitável, pois a Marinha Japonesa já tinha sido praticamente destruída. Em agosto de 1945, os Estados-Unidos lançaram duas bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, numa demonstração indiscutível do poder militar norte-americano para o mundo. Com isso, o Japão se rendeu.
            Terminada a guerra, a Europa e vários países do mundo estavam economicamente arrasados, com cidades destruídas e a produção industrial e agrícola totalmente desorganizada.
Carnificina
            As duas Guerras Mundiais colocavam fim à hegemonia européia e surgiu uma nova divisão do continente. No período após a Segunda Guerra, uma nova ordem mundial começou a ser estruturada sob a liderança de duas grandes potências militares que emergiram: os Estados unidos e a União Soviética. A nova divisão política da Europa foi a primeira expressão desta nova ordem mundial.


Bibliografia:
Geografia Geral e do Brasil - Ensino Médio. Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. Editora Saraiva.

domingo, 17 de abril de 2011

A GRANDE CRISE DO CAPITALISMO


            Como vimos, na segunda metade de século XIX, o sistema capitalista ampliou a produção numa proporção muitas vezes maior que a capacidade do mercado de consumo existente nos países industrializados. A busca de novos mercados e fontes de matérias-primas tornou-se indispensável à sustentação dessa nova etapa produtiva. Ingleses, alemãs, franceses, belgas, norte-americanos e japoneses impuseram força industrial, submetendo vários países do mundo a um controle imperial nunca antes visto.
            Os investimentos nessa nova etapa de produção industrial e a extensão do mercado industrial e a extensão do mercado internacional que se pretendia atingir não eram mais possíveis de serem realizados por um único empresário. Para viabilizar os novos investimentos foram criadas as Sociedades por Ações (S/A). Consolidaram-se os mercados de capitais onde todos podem investir numa empresa através da compra de ações.
            Com a venda de ações, as empresas conseguiram ampliar a sua capacidade financeira e, conseqüentemente, tornaram-se mais fortes, competitivas e elevaram a sua capacidade de produção.
            No início do século XX, a Bolsa de Valores de Nova York era o principal centro de investimento internacional. O volume de negócios ali realizados diariamente dava a impressão de que nada mais poderia deter o ritmo desenfreado do desenvolvimento capitalista. Mas o capital investido na produção não foi acompanhado pelo mercado de consumo.
            Esse descompasso entre uma superprodução desordenada e a ausência de consumidores com capacidade para absorvê-la ocasionou a grande Crise de 1929. As fábricas, não tendo praticamente como vender suas mercadorias, reduziram drasticamente suas atividades; a produção agrícola, também excessiva, não encontrava compradores e também excessiva, não encontrava compradores e o comércio tornou-se inviável. Nesse contexto, houve um processo de falência generalizada, muitos trabalhadores perderam seus empregos, retraindo totalmente o mercado de consumo. Aqueles que viviam exclusivamente dos investimentos do mercado de capitais, particularmente da compra e venda de ações, vira o valor de seus títulos despencarem, transformando-se em papéis sem valor.
            A crise iniciada em Nova York, nos Estados unidos, afetou rapidamente o mundo todo. Os países produtores de matérias primas e alimentos, que dependiam economicamente das exportações para os países industrializados, não entraram em colapso. O Brasil, nesse período, que dependia basicamente da exportação de café, foi profundamente abalado pelos efeitos mundiais da crise.

O NEW DEAL
            O período subseqüente à crise de 1929, conhecido como a Depressão dos Anos 30, obrigou os países a reorganizarem suas políticas econômicas. Como a superprodução havia sido a principal razão da crise, os países industrializados tomaram duas medidas básicas para resolver o problema. Uma delas foi a participação mais efetiva do Estado no planejamento das atividades econômicas, tendo em vista, entre outros objetivos, a adequação entre a quantidade de mercadorias produzidas e o tamanho do mercado. A outra medida apoiou-se na necessidade uma melhor distribuição da renda, com o objetivo de ampliar o mercado de consumo. Acreditava-se que era necessário melhorar as condições financeiras dos trabalhadores, a fim de que eles pudessem adquirir mais produtos e mais variados.
            Partindo dessas duas iniciativas básicas, os Estados Unidos conseguiram contornar os efeitos da crise com maior eficiência e num prazo mais curto de tempo. Com a criação de um amplo programa de obras públicas, o governo do presidente Franklin Roosevelt (de 1933 a 1945) conseguiu aos poucos amenizar o desemprego e manter a economia relativamente aquecida.
            O New Deal (Novo Acordo), como ficou conhecido o programa de recuperação econômica implantado por Roosevelt, era inspirado nas teorias do economista John Maynard Keynes (1883-1946). Para Keynes, o Estado não deveria se limitar apenas a regular as questões de ordem socioeconômica e política, mas também devia ser um planejador, que dava as diretrizes, fixava as metas, estimulava este ou aquele setor da economia, de acordo com a conjuntura de cada momento. Keynes não acreditava na auto-regulação do mercado, pois a Crise de 1929 tinha mostrado o contrário.
            As idéias de Keynes, colocadas em prática nos Estados Unidos, foram seguidas por alguns países europeus que, no final da década de 1930, já haviam retomado o desenvolvimento. Mas, em 1939, eclodiu a Segunda Guerra Mundial, que arrasou novamente com a economia desse continente.


Bibliografia:
Geografia Geral e do Brasil - Ensino Médio. Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. Editora Saraiva.

SOCIALISMO - TRANSFORMAÇÕES HISTÓRICAS E ESPACIAIS


            Em 1917, ainda durante a Primeira Guerra, ocorreu na Rússia a Revolução Socialista, que inaugurou uma nova concepção de organização social e geográfica. A Revolução Russa rompeu parcialmente com as relações entre a sociedade e o espaço que caracterizaram o capitalismo até aquele momento. Com a Revolução, ocorreram modificações no regime de propriedade, nas formas de produção e comercialização de mercadorias e novas relações de poder foram definidas.

            A instalação do sistema socialista na Rússia constituiu a primeira grande ruptura e ameaça à supremacia do capital internacional. De fato, a vitória da Revolução Russa disseminou e fortaleceu os ideais socialistas pelo mundo.
            No final de 1922, foi formada a URSS - União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A implantação do socialismo furou aproximadamente uma década (de 1917 a 1928). Foi um período de consolidação do poder socialista e de coexistência entre a propriedade estatal socialista (indústria, minas, bancos e grande comércio) e a propriedade privada (fazendas e pequenos estabelecimentos industriais e comerciais).
Lênin
            A partir de 192, foi lançada a base do que seria a principal característica do sistema socialista na URSS: a planificação da economia. Todo o sistema de produção e de organização do espaço geográfico passou a ser definido pelo planejamento do Estado. Na URSS, a Gosplan (Comissão do Plano Geral do Estado) promoveu a total estatização dos meios de produção, com a instauração de cooperativas agrícolas (chamadas kolkhozes) e fazendas estatais (sovkhozes), ambas controladas pelo Estado. Este determinava as metais a serem alcançadas e o tipo de produção de cada estabelecimento, realizava a distribuição e a comercialização dos produtos e investia em grandes obras de infra-estrutura, como a canalização de rios, a instalação de usinas de energia elétrica e a ampliação do sistema ferroviário.
 Na charge, Vladimir Lênin (1870-1923),
um dos líderes da Revolução Socialista,
varre o capitalismo e seus representantes
da Rússia.


            A planificação da produção industrial privilegiou a indústria de base, a fim de dotar o país com uma infra-estrutura capaz de gerar, em médio prazo, o desenvolvimento auto-sustentado de outros setores industriais. O objetivo era eliminar, ou diminuir ao máximo, a dependência de importação de equipamentos e matérias-primas industriais. A vasta extensão territorial e a abundância de recursos minerais da URSS contribuíram, em muito, para o desenvolvimento dessa indústria de base.
            No final da década de 1903, quando a indústria de base soviética atingiu um elevado nível de produção - capaz de impulsionar outros setores industriais, especialmente o de bens de consumo -, o governo da URSS resolveu privilegiar os investimentos. Isso se deu principalmente por dois motivos: a deflagração da Segunda Guerra Mundial, em 1939, e a política expansionista soviética, com o objetivo de ampliar sua influência político-econômica para outros países. Essa situação foi mantida mesmo após o final da Segunda Guerra Mundial, em virtude de outros desdobramentos do conflito.

Bibliografia:
Geografia Geral e do Brasil - Ensino Médio. Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. Editora Saraiva.

Primeira Guerra Mundial

             A Itália, a Alemanha e o Japão iniciaram seu processo de industrialização apenas na segunda metade do século XIX e acabaram participando tardiamente da disputa neocolonialista, os confrontos entre as potências tornaram-se ainda mais acirrados.


            O aprofundamento das rivalidades entre as potências levou à formação de alianças militares que dividiram os países imperialistas europeus em dois blocos. Em 1882, Itália, Alemanha e Austro - Hungria formaram a Tríplice Entente.
            Nesse período, o império Turco-Otomano se encontrava em processo de desagregação. Na península dos Bálcãs (sudeste da Europa), a Bósnia-Herzegóvina, a Croácia e a Eslovênia, que anteriormente faziam parte de seu domínio territorial, foram incorporadas pelo império Austro-Húngaro. A região balcânica passou a ser uma frente de disputa com a Sérvia, que pretendia estender seu domínio por toda a península.
            Em junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, foi assassinado por um estudante pertencente à sociedade secreta Mão negra. Esse grupo era formado por nacionalistas sérvios que se opunham à presença austro-húngara nos Bálcãs. O assassinato foi interpretado pelo Império Austro-húngaro como uma agressão sérvia e foi o fato decisivo para o estopim da Primeira Guerra Mundial.
            Na Primeira Guerra, a Alemanha e a Áustria-Hungria, da Tríplice Aliança (com apoio posterior da Turquia e da Bulgária), opuseram-se aos países que formavam a Tríplice Entente (Rússia, França e Grã-Bretanha). A Itália, que pertencia à Tríplice Aliança, declarou neutralidade num primeiro momento e, mais tarde, entrou na guerra, junto com o Japão, ao lado da Tríplice Entente, lutando contra seus ex-aliados.
            A guerra causou profundas transformações no espaço geográfico mundial no início do século XX. Os países europeus tiveram suas plantações arrasadas houve forte retração da sua produção industrial. Com isso, eles passaram a depender basicamente dos Estados Unidos para se abastecer e se organizar economicamente. Os Estados Unidos, que já se colocavam como uma forte potência econômica eram o principal credor da França, da Rússia e da Grã-Bretanha, para quem tinham fornecido armas, munições, etanha, para quem tinham fornecido armas, muniçEstados Unidos para se abastecer e se organizar economicamente.  alimentos e outros produtos básicos. Em 1917, os norte-americanos declaram guerra à Alemanha e entraram no conflito.
            Em julho de 1918, as tropas da França, da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos realizaram uma investida decisiva, obrigando à capitulação da Áustria-Hungria, da Bulgária e da Turquia. Para a Alemanha, a guerra só terminaria alguns meses depois, com a abdicação do kaiser alemão e com a rendição incondicional desse país.
            Vários acordos de paz foram assinados, separadamente, pelos países derrotados na guerra, provocando profundas mudanças no mapa político da Europa. A Alemanha, rendida ao final do conflito, teve que aceitar os termos de um acordo - o Tratado de Versalhes - que lhe impôs condições bastante severas: o pagamento das indenizações de guerra (que, por mais de uma década, minguaram a economia alemã), a renúncia sobre todas as suas colônias e a perda de seu território a outros países da Europa.
            O desmembramento do Império Austro-Húngaro também levou à formação de outros países na Europa. Surgiram Estônia, Letônia, Lituânia, Finlândia, Iugoslávia e Tchecoslováquia.
            O vasto Império Turco-otomano ficou reduzido apenas à atual Turquia que teve que renunciar, a favor dos países vencedores da guerra, ao domínio que exercia no Oriente Médio: a Arábia Saudita, o Iraque e a Palestina passaram à tutela dos ingleses e a Síria e o Líbano foram ocupados pelos Franceses.
            As novas fronteiras dos países europeus definidas pelos tratados no período pós-guerra eram instáveis. Elas reuniram num mesmo território, germânicos e poloneses, germânicos e tchecos, muçulmanos e sérvios. Os conflitos entre esses diversos grupos que passaram a compartilhar o mesmo território nacional geraram uma instabilidade permanente, que teve graves conseqüências inclusive para a geopolítica do mundo atual.

Bibliografia:
Geografia Geral e do Brasil - Ensino Médio. Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. Editora Saraiva.

sábado, 16 de abril de 2011

O IMPERIALISMO E AS DISPUTAS GEOGRÁFICAS


            Na segunda metade do século XIX, a industrialização e o desenvolvimento tecnológico já eram uma realidade em vários países que hoje são considerados desenvolvidos, por exemplo, Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Japão. Devido ao crescente processo de industrialização, aumentava, nesses países, a necessidade de obter novas fontes de matérias-primas e de conquistar novos mercados consumidores fora de suas próprias fronteiras. Fundamental para o desenvolvimento industrial desse período e para a expansão do capitalismo.

            Os países industrializados lançaram-se, então, à conquista de novas colônias ou reforçaram o controle sobre as já existentes, num processo que ficou conhecido como neocolonialismo. Essas novas colônias eram, ao mesmo tempo, as fornecedoras de matérias-primas para as potências indústrias capitalistas e os mercados consumidores dos produtos industrializados que essas potências fabricavam.
            No continente americano e em regiões onde os países já haviam conquistado sua independência, as potências industriais atuaram menos como invasoras e conquistadoras, e muito mais para fazer valer sua influência e interferência nos âmbitos econômico e político. Nesse sentido, essas potências industriais estabeleciam, com os outros países, acordos comerciais e forneciam apoio aos grupos políticos mais abertos à influência estrangeira.
            No entanto, em muitos territórios e países, as potências industriais conseguiram estabelecer novas colônias, com a conquista e a ocupação militar, formando verdadeiros impérios. Poucas regiões do mundo ficaram imunes ao assédio dessas potências, determinadas a assegurar e alagar as suas áreas de influência, imprescindíveis ao crescimento econômico e ao desenvolvimento industrial capitalista da época.
            A África foi o continente mais marcado pela ocupação imperialista. Seu território foi dividido conforme os interesses das potências européias nos recursos naturais, sem que fossem respeitados os espaços entre os grupos étnicos desse continente. Com isso, no processo de dominação, grupos étnicos aliados foram separados enquanto grupos étnicos inimigos foram agrupados num mesmo território. Vários conflitos da África atual devem-se, em boa parte, a esse processo de ocupação imperialista que, iniciado no final do século XIX, só teria fim na segunda metade do século XX.
            É evidente que a conquista dessas novas colônias no mundo todo não ocorreu sem conflitos. Houve, de um lado, resistência interna às invasões e dominações. De outro lado, alguns territórios eram disputados por várias potências, originando uma situação de permanente tensão internacional durante a fase de expansão do imperialismo. De fato, o acirramento das disputas entre os impérios neocolonialistas levou à deflagração das duas maiores guerras ocorridas em toda a história da humanidade: A Primeira Guerra Mundial, entre 1914 e 1918, e a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945.

Bibliografia:
Geografia Geral e do Brasil - Ensino Médio. Elian Alabi Lucci, Anselmo Lazaro Branco e Cláudio Mendonça. Editora Saraiva.