quarta-feira, 18 de maio de 2011

Revolução Industrial


  1. Pioneirismo Inglês
Linha de Montagem da Volvo? Se não for me falem.
Os ingleses foram os pioneiros da chamada Revolução Industrial. Mas, por que razão o processo de industrialização se iniciou na Inglaterra e não em outros países europeus, como, por exemplo, a França e a Espanha? Para compreendermos as razões que justificam o pioneirismo inglês, precisamos regatar as condições favoráveis que o país apresentava em meados do século XVIII. A realidade política e econômica do Reino Inglês propiciou o avanço da economia capitalista em direção à industrialização. Essa poderosa nação reuniu, antes dos demais países europeus, um conjunto de fatores amplamente favoráveis ao processo de modernização da produção. É o que chamamos de pré-condição para que a Revolução Industrial ocorresse.
Quais condições você acredita serem necessárias para que tal mudança se realizasse? Veja, a seguir, os principais fatores que tornaram a Inglaterra a primeira nação industrializada do mundo:
·        Politicamente, a Inglaterra foi a primeira nação a derrubar as velhas e tradicionais estruturas do Antigo Regime. Por meio da Revolução Gloriosa (1688), a burguesia inglesa contribuiu para que os obstáculos impostos pelo absolutismo monárquico fossem superados.
Filme de Charles Chaplin onde
retrata o cotidiano de um operário.
·        Sob o aspecto econômico, vale lembrar que ocorreu, às vésperas da Revolução, o cercamento (enclosures) das terras coletivas (open fields). Esse processo gerou um enorme contingente de camponeses desapropriados que promoveram o êxodo rural, dirigindo-se às cidades em busca de empregos nas fábricas. Ou seja, a Inglaterra possuía uma excessiva oferta de mão de obra, condição essencial para a realização da Revolução Industrial.
·        A concentração de capitais nas mãos da burguesia inglesa favoreceu os investimentos necessários à industrialização.
·        A Inglaterra possuía um amplo império colonial, o que representava tanto um mercado consumidor para o escoamento da produção industrial inglesa, quanto uma importante fonte de matéria-prima (especialmente o algodão para a indústria têxtil).
·        A Inglaterra possuía também uma grande quantidade de minérios em suas jazidas, fator importante para a mecanização da indústria e para a construção de ferrovias.
Reunindo esse conjunto de fatores favoráveis à industrialização, a Inglaterra “saiu na frente”, se comparada com as outras nações européias daquela mesma época e, por isso, deu início ao processo de modernização da economia capitalista na segunda metade do século XVIII.
  1. Inovações Tecnológicas
A Spinning Jenny, criada por James Hargreaves (1765) a
qual possibilitou ao operário trabalhar com vários fios de
forma simultânea, fato acelerou a fabricação de tecidos,
aumentando a produtividade.
O avanço das técnicas de produção e o advento das primeiras máquinas provocaram a passagem do antigo sistema artesanal (indústria doméstica) para a produção manufatureira. Com a manufatura, ocorreu a especialização do trabalhador em apenas uma etapa da produção, pois as diferentes etapas da fabricação de um produto eram divididas entre os grupos de trabalhadores. Dessa forma, cada um era responsável pela sua especialidade e atribuição no processo de produção.
Gradativamente, com a invenção de novos equipamentos e o aprimoramento do maquinário, o trabalhador foi sendo substituído pelas máquinas, cabendo a ele apenas o controle delas para que nada de errado ocorresse dentro da linha de produção. Assim, o operário deixou de ser “protagonista” e passou a ter um comportamento mais passivo diante do processo produtivo. A ele cabia somente as tarefas de alimentar a máquina com a matéria-prima e vigiar o seu funcionamento.
Os Estudos de James Watt foram
fundamentais para a evolução da
máquina a vapor, um significativo avanço
tecnológico do final do século XVII,
responsável por um salto quantitativo nos
níveis de produção.
Além das máquinas, outro grande avanço na produção fabril foi proporcionado pela utilização da energia a vapor.
A utilização da energia a vapor não provocou somente aumento da produtividade, mas também a modernização dos meios de transporte. Ou seja, combinada com o desenvolvimento da siderurgia, a energia a vapor possibilitou a utilização da locomotiva e da navegação a vapor como meios mais eficazes de transportar a produção industrial em larga escala. 

3. Diferentes etapas do desenvolvimento tecnológico e industrial
Ao analisarmos a Revolução Industrial, é necessário ressaltar que o avanço das técnicas e a evolução do processo produtivo se deram em épocas diferentes e de maneiras distintas, conforme a região e o país em questão. Ou seja, não podemos compreender a Revolução Industrial como um processo único, homogêneo e linear, do qual todo o mundo tivesse participado ao mesmo tempo. Por essa razão, os historiadores costumam dividir o estudo da industrialização em, no mínimo, duas etapas distintas.
Modelo de George Stephenson, THE ROCKET, uma das
primeiras e mais eficientes locomotivas, entre os diversos
modelos criados no início do século XIX. Percorria o trajeto
da linha férrea Liverpool - Manchester.
Chamamos de primeira fase da Revolução Industrial o fenômeno ocorrido na Inglaterra nas décadas de 1760 e 1770 com o desenvolvimento da Indústria Têxtil.
Somente nas primeiras décadas do século XIX foi que os demais países europeus promoveram a industrialização de suas economias tal como já tinha ocorrido na Inglaterra. Portanto, costumamos denominar de segunda fase da Revolução Industrial o processo de expansão da industrialização para outros países da Europa, como a Bélgica e a França, por volta de 1830-1840 e, posteriormente, a Alemanha, no final do século (1870-1880). Foi também no final do século XIX que a Revolução Industrial atingiu outros países fora da Europa, como os Estados Unidos (após a Guerra de Secessão, 1865) e o Japão (durante a Era Meiji, 1868-1912). Além disso, a segunda fase da industrialização foi marcada também pela diversificação da produção, que não ficou limitada apenas à indústria têxtil.
Durante o século XIX, a produção industrial avançou para a área siderúrgica e petroquímica. O algodão deixou de ser a matéria-prima predominante e houve a necessidade de se explorarem outras matérias-primas, como a borracha e o petróleo. A energia a vapor do século XVIII deu lugar à utilização da energia elétrica, fator que permitiu um significativo crescimento industrial. Era, portanto, um novo período de industrialização, denominado pelos historiadores de Segunda Revolução Industrial, que se diferenciava da primeira fase (restrita à indústria têxtil inglesa).
4. Repercussões Econômicas e Sociais
Ente as principais conseqüências geradas pelo processo de industrialização às sociedades envolvidas, podemos destacar algumas de natureza econômica que beneficiaram, sobretudo, a classe dominante. Sob o aspecto econômico, não resta dúvida de que a Revolução Industrial contribuiu para a modernização e a consolidação do capitalismo como sistema predominante nos países em que essa transformação se efetivou. Outro fator importante foi o avanço tecnológico propiciado pela industrialização, o que trouxe maior produtividade, ampliação do mercado, aumento do lucro e mais conforto e possibilidade de consumo para as classes privilegiadas.
Entretanto, é preciso destacar também os resultados de natureza social, que não podem ser caracterizados como positivos, principalmente se levarmos em conta a situação da classe trabalhadora, as condições de vida nas grandes cidades, a imensa desigualdade social, entre outras conseqüências negativas provocadas pela Revolução Industrial.
Excessiva concentração urbana,
falta de saneamento e moradias
precárias eram problemas típicos dos
grandes centros industriais ingleses
como Londres, retratada nessa gravura
do século XIX.
Esta outra imagem também representa as grandes dificuldades enfrentadas pela população dos maiores centros urbanos durante a Revolução Industrial. O enorme contingente populacional, que se dirigiu às cidades em busca de emprego nas fábricas gerou uma grande aglomeração urbana, difícil de ser administrada. As famílias se amontoavam em pequenos cortiços (moradias precárias), sem as mínimas condições de saneamento. As habitações coletivas divididas por vários trabalhadores se tornaram locais favoráveis à proliferação de diversas doenças, ente elas a cólera e a tuberculose, responsáveis por elevado número de vítimas.
Mas não eram apenas as habitações precárias que prejudicavam a vida do trabalhador. O cotidiano nas fábricas também era extremamente desgastante para os operários que, sem a garantia de leis trabalhistas, foram submetidos a uma imensa exploração. As jornadas de trabalho eram longas. Operários, mulheres e crianças permaneciam nas fábricas em torno de 14 a16 horas diárias, trabalhando sob péssimas condições e recebendo salários insignificantes que não atendiam às necessidades para manter uma vida digna. Entretanto, diante da excessiva oferta de mão de obra, os operários acabavam se submetendo a essa condição de miséria e injustiça por necessidade e medo do desemprego.


Bibliografia
Apostila COTEMIG, 2ª Série, Volume 1, História. Páginas 2 a 4.

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